contribuição para a iluminação da peça

aconteceu com o ronda:

Não dava para imaginar que aquele espaço, algum dia, faria as vezes de teatro. No pátio interno, o clima era de camaradagem. A mãe empurrava o carrinho do bebê, os amigos trocavam prosa nos bancos do lugar e se ouvia o arrastar de sandálias pelo salão. Umas 40 pessoas, por aí. Ao lado, um caminhão da Ecofor recolhia o lixo minutos antes do espetáculo. As luzes se apagam. Vai começar. É hora de puxar a cadeira de plástico para perto do palco armado ali. Sob os holofotes, a Cia Anagrama dança Que Liberta. Silêncio... O bailarino se põe a falar. Ninguém escuta. O forró do boteco ao lado abafa a voz dele. Uma Hilux da Ronda do Quarteirão passa e, no pisca-pisca em vermelho, dá a sua contribuição para a iluminação da peça. São novas formas de se apresentar arte e também de ser público. Afinal, não é todo lugar em que se pode assistir dança contemporânea de pé e com garrafa de cerveja na mão.

fonte: Jornal O Povo (16/06/08)
http://www.opovo.com.br/opovo/vidaearte/796770.html