quinta-feira, 13 de novembro de 2008

INCIVILIDADE

A opinião pública vem acompanhando os desdobramentos da crise na gestão do meio ambiente nos três níveis de poder - municipal, estadual e federal - do Ceará, enquanto aguarda a resposta para as denúncias em processo de investigação. Uma questão, porém, ficou de fora: a falta de controle da poluição sonora. Além dos problemas relacionados com a ocupação indevida de áreas de preservação ambiental, uma das responsabilidades maiores do setor diz respeito à fiscalização e repressão à poluição sonora. É difícil entender a impotência dos órgãos ambientais diante do inferno a que é submetida a população por conta de interesses circunscritos dos que utilizam um volume excessivo de som em suas atividades. Uma sociedade civilizada não sacrifica a saúde física e mental de seus concidadãos a grupos de interesse restritos - sejam os do lazer, do marketing, ou da fé. Assim, um punhado de incivilizados termina por prejudicar uma comunidade inteira. São tão obtusos que não se dão conta de que seus objetivos podem mais plenamente ser alcançados, se harmonizados com os direitos e as aspirações da comunidade em que estão inseridos. Aí se incluem, também, denominações religiosas que pretendem ganhar adeptos à base do grito, ou de louvar a Deus aos berros, como se Ele fosse surdo. Se for uma congregação cristã, maior ainda é o paradoxo, vez que a primeira obrigação de um cristão é respeitar o próximo, não a de infernizar sua vida, provocando-lhe raiva e desespero. Os cidadãos de Fortaleza (há outras cidades do Interior vivendo o mesmo drama) já não suportam mais as desculpas dos dirigentes públicos para justificar a incompetência na solução dessa questão. Até a esperança despertada pelo Ronda do Quarteirão - que parecia um instrumento ágil e eficiente na repressão ao barulho - esvaiu-se depois do rumoroso episódio da punição de patrulheiros que tentaram fechar um bar barulhento, a pedido da população. Hoje, o Ronda faz apenas um jogo de "faz-de-conta". Quando alguma patrulha é questionada por isso, a justificativa é a de que os infratores apresentam alvarás de funcionamento. Como se esse documento fosse uma carta de alforria para burlar a Lei do Silêncio. Quanto mais situados em áreas nobres, como Aldeota, Meireles, Varjota, sobretudo, nos espaços de "badalação" (como nas primeiras quadras da Rua Ana Bilhar e adjacências), mais os transgressores se demonstram confiantes (e arrogantes) na transgressão da lei, como se tivessem "costas largas" (garantidas por quem?) para tanto. Os cidadãos que se danem: é o caso dos idosos, os recém-nascidos, os doentes e os que trabalham - de um modo geral - durante toda a semana, e que, segundo as leis deste País, têm direito ao repouso para restaurar as forças. Por isso, a concitação dirigida às autoridades responsáveis: é hora de acordar e enfrentar esses bolsões de incivilidade que atanazam e envergonham os cearenses e causam estupor aos visitantes.
RETIRADO DA SEÇÃO... O POVO ONLINE "OPINIÃO"
PUBLICADO NO DIA 10 DE NOVEMBRO DE 2008

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