segunda-feira, 14 de julho de 2008

Jovem deve ser foco das ações de segurança, diz especialista

Segundo os estudiosos da segurança, é preciso desenvolver ações paralelas ao Ronda do Quarteirão para que os índices de criminalidade caiam

Nas ruas, o Ronda do Quarteirão conta com aprovação de 83% da população, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). O efeito mais visível do programa - a maior presença de policiais - é sempre citado como um dos seus pontos fortes. Para quem estuda a segurança pública, no entanto, é preciso desenvolver ações complementares para que a sensação de segurança vivida possa ser duradoura.

O tema da dissertação do pesquisador Emanuel Bruno Lopes, no mestrado de Políticas Públicas e Sociedade, é o Ronda do Quarteirão. Em seu trabalho, ele enumera alguns pontos vulneráveis do programa. A capacitação dos policiais é um deles. Emanuel cita o fato de, entre 1999 e 2006, 45% do orçamento da segurança ter sido destinado à aquisição de veículos. Em contrapartida, apenas 3% foram gastos com formação de pessoal.

A separação existente entre policiais do Ronda e o restante da corporação também deve ser levada em consideração pelos órgãos de segurança. De acordo com o pesquisador, ainda há resistências dos PMs "tradicionais" em relação aos novatos. "Os olhares da população se voltam para o Ronda. E o restante da corporação como fica? A secretaria deve agir nesse sentido, visando estabelecer uma parceria entre o novo programa e a PM tradicional", questiona.

Drogas
Para o advogado e consultor em segurança, Laércio Macambira, é necessário haver um trabalho integrado de segurança social voltado para a juventude e a geração de emprego e renda. "O perfil claro do jovem de risco é o de periferia, com idade entre 16 e 25 anos. É preciso desenvolver um trabalho para que esse jovem não ingresse na marginalidade, dando oportunidades de emprego".

Segundo Macambira, ex-secretário-adjunto da Segurança Pública, é preciso também combater o tráfico organizado de drogas. "Uma ação focada no combate ao tráfico é fundamental para tentar resgatar esses jovens, principalmente no que se refere à venda de crack. Você tem de quebrar essa cadeia de aliciamento. O traficante precisa de mão-de-obra fácil. Você tem de reprimir essa cooptação dos jovens, com intervenção forte nas áreas de maior incidência de crimes".

fonte: Jornal O Povo (12/07/08)

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